Levantado pela bruma da manhã,
atordoado pela inércia de Agosto,
abro os olhos e acordo outra vez
entre os solavancos de um comboio.
Descubro nas pupilas do revisor
que a minha vida mais parece
um transporte público, em hora de ponta,
no pico do Verão e na arte de um atraso.
Angustiado penso. Pensando.
Que a vida não se deveria transportar.
Que as sinapses não deveriam ser
passageiros ensardinhados contra a porta de um vagão.
E que a estação de lugar nenhum
deveria chegar a todo o tempo
para nos salvar de uma porta
que não abriu na altura devida!
Terça-feira, 29 de Agosto de 2006
Bobadela - Sete-rios - Bobadela