sábado, 30 de abril de 2011

Deixa-me Dizer-te

Deixa-me dizer-te
que nem sempre é possível
saberes quem sou.

Deixa-me dizer-te
que nem sempre é azul
o lugar para onde vou.

Deixa-me contar-te:
às vezes sou montanha
e não te vou ouvir,
às vezes sou o mar
e não te vou sentir,
às vezes sou o nada
e não tenho tempo nem espaço.

Para quê um abraço?
Se sou quem esqueces,
se sou quem por ti passa,
se sou quem também chora.

Às vezes sou um cavalo negro que galopa para a morte.
Às vezes sou um coelho branquinho dissecado no chão.
Às vezes perco coisas, perco pessoas e perco-me também
e às vezes as minhas palavras
cortam como lâminas de punhais,
desabam como neve em avalanche
e caem em cima de almas inocentes.

Tudo o que acabo de dizer é verdade.
Se o teu nome é medo, vai-te embora.
Toma. Leva a indiferença.
(sempre foram companheiras)
Se o teu nome é coragem, senta-te ao meu lado.
Pode ser que te ame também.


Terça-feira, 25 de Fevereiro de 1998
SAC