mas que furam feitos balões.
São intermináveis sacarinas
que se desfazem como serpentinas.
Os sonhos são almofadas gigantes
em saúde e sorte marchetadas,
mas que agora distantes
não passam de moedas douradas.
Os sonhos!
O que de mais real têm os homens,
porque a realidade é a verdade
e os homens são falsidade.
Eterna falsidade e falsa eternidade.
Queira Deus e o Homem que sim,
pois não aguento, tanto tempo assim:
“- Faredes o que mandado vos é.”
Que sim. Que sim.
Digo e redigo sem abrir os olhos,
pois que mandado me é e mandado me foi e mandado me será
viver sem ver
a ver se não via
o que realmente havia
antes de escurecer,
ver sem viver
e a viver recebia
a cova que pedia
sem a ver viver.
Os sonhos são belos,
enfeitados de prazer,
perfeitos como elos
e rodeados de luar
e marchetados de canções,
misturados, conchas e mar,
como num poema de Camões.
Os sonhos são lindos.
Lindos, lindos de morrer.
Os sonhos são lindos.
Lindos, lindos até morrer.
Os sonhos estão acordados.
Nós é que estamos adormecidos.
Quinta-feira, 10 de Agosto de 1995
SAC
SAC