sábado, 25 de abril de 2009

Amor

O amor é o suicídio lento da alma

de quem se mascara com a essência,

de quem se esconde da insensibilidade,

de quem se despe quase com... displicência,


de quem liga ao que dizes sem querer,

de quem liga ao que queres sem dizer,


de quem se droga com um rosto,

de quem se embebeda com um sorriso,

de quem se não contém nem contenta com um corpo,

de quem só quer um pequeno paraíso.


Terça-feira, 28 de Janeiro de 1997

SAC

sábado, 18 de abril de 2009

À distância de um beijo

Tão bonita, tão bonita.

À distância de um beijo és tão bonita.


À distância de um beijo é impossível

não te beijar.


Mesmo que não queiras,

mesmo que te não beije é impossível,

mesmo que fujas,

mesmo que eu fuja é impossível.


A essa distância tudo é impossível.

A essa breve, suave e lenta.

A essa mole, doce e terna.

A essa linda e bela distância

tudo é impossível,

mesmo a impossibilidade

de fazer do mundo flor no teu regaço,

de fazer do mar a cor do meu abraço,

de fazer de todo tempo instante

para te ver sempre assim:

tão bonita, tão bonita.


À distância de um beijo, tão bonita.


Sábado, 17 de Janeiro de 1998

SAC

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Do Mesmo Mar

Hoje sentei-me naquele pontão
de pernas cruzadas a olhar o passado
que batia no meu rosto em forma de sal.

Sentei-me e calei-me naquele pontão
a tentar fazer do meu aquele nosso silêncio
numa saudade que se desfaz como as ondas lá em baixo.

Hoje calei-me naquele pontão
a perguntar pelos teus dedos
à minha mão vazia,
a perguntar pelos teus medos
à tua lua, que lá no alto, aparecia.

Calei-me e chorei naquele pontão.
Chorei a vez em que te abracei.
Chorei os teus cabelos lisos, voando.
Chorei o teu corpo ao meu colo, naquele pontão.

E numa lágrima
revi o mar, vasto, imenso
no teu rosto de menina.

E senti-me num pontão
do mesmo mar,
na mesma solidão
a olhar a lua,
a pensar no nosso silêncio.


Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
SAC