Não era santa não, pois que a sua bondade era mais que milagre.
Não era profetisa não, que a tal não ascendia pela sua real humildade.
Não era a divindade em nome, mas que à direita de Deus pai está, não tenho dúvidas.
E quem as tenha deve ocupar a esquerda de belzebu, lugar das mil súplicas, das não atendidas almas, as dos profetas da desgraça, da vendeta e dos critérios.
Mas por mais mistérios, por mais irados e mais histéricos que sejam...
Não passarão de idades, fases quentes e não pensadas.
Não passarão de momentos efémeros, injúrias inchadas.
E passarão de ouvido a ouvido, sem o coração ouvir, indiferente, sem a cabeça sentir, descontente, sem que a bílis se não torça, se não tente...
Ah vovó... Que saudades tenho eu de Ti.
Nada mais tenho que dizer... Vou tentar seguir-te.
E se o mundo fosse ao contrário. E as pessoas fossem o que são e não o que parecem. E os sonhos voassem como são e não como aparecem. E as pessoas fugissem daquilo que não são, deixando-se viver, deixando-se ver, deixando-se ver viver.
E se o mundo fosse ao contrário. E os sonhos fossem os corpos em vez das almas. E os sonhos fossemos nós em vez de alguém que deixamos morrer, que deixamos de ver, que deixamos de ver morrer. E somos nós!
E se o mundo fosse ao contrário. E os sonhos fossem beber na fonte da realidade. E as pessoas voassem, libertas de pesadelos. E os sonhos fugissem como bocas para a verdade. E as pessoas se desenrolassem como novelos.
E os sonhos fossemos nós em vez de alguém que deixamos morrer, dentro de nós, que deixamos de ver, olhos de Édipo furados, que deixamos de ver morrer, dentro dos outros.
Ou vemos e nada fazemos!? Ou temos consciência e não coragem. Ou somos cobardes e não pessoas e matamos os sonhos da realidade.
E agora, que o mundo seja ao contrário. Agora que os olhos que nunca mentiram sejam todo o corpo real. Agora que os olhos que nunca se viram sejam reflexo na realidade e não espelho partido...
Má-sorte ser humano e público de um triste espectáculo: Almas lindas que amo... tornadas mendigas que não aceitam as suas moedas.