Um dia vi uma pedra.
Era da calçada, mas lisa como uma maçaneta.
Estava à espera de autocarro.
No segundo dia peguei num lápis.
Era preto, mas escrevia como se fosse uma caneta.
Atirei-o ao chão e ele partiu-se.
No terceiro dia apanhei o tecto.
Tirei-lhe a coleira e dei-a ao meu senhorio careta.
Ele fugiu e o tecto caiu-me em cima.
Ao quarto dia segui uma formiga.
Até que ela voou e apercebi-me que era uma borboleta.
Nesse dia apanhei o comboio.
Ao quinto dia lavei as mãos
e soube que uma ovelha tinha caído numa sarjeta.
Nesse dia fiz pára-quedismo.
Ao sexto dia saí finalmente do comboio.
Tinha adormecido e o fiscal era um forreta.
Nesse dia morreste e deixei de te poder amar.
Ao sétimo dia apercebi-me
que não era eu, o único pateta
e que por vezes,
há coisas na vida que não fazem sentido.
Quinta-feira, 30 de Janeiro de 1997
SAC
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