terça-feira, 10 de março de 2009

Talvez imagines


Poeta!
Escreve-me um beijo
de que ela goste
porque eu gosto tanto dela.

Escreve-me o desejo
deitado ao mar.

Escreve-me o mar
deitado ao rio.

Escreve-me um relógio
sem ponteiros.
E um comboio
sem carris.

Escreve-me a morte
sem medo.
E a vida
sem alibis.

Escreve-me um precipício.
E escreve depois a minha queda
naquela boca tão feliz.

Escreve-me o Oceano
numa gota.
E talvez imagines este sentimento
dentro de mim.
E talvez imagines
a força que faço...

E agora peço-te:
escreve-me um lenço
porque a força que faço
é para não chorar.
P’ra não chorar
de tanto gostar.

Quinta-feira, 19 de Abril de 2001
S.A.C.

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