e por seus dedos vales desenhados,
cobertos de veludos seus
que são os musgos orvalhados...
e por suas mãos colinas formadas,
mimadas pela suavidade pétala rosa...
nos seus braços são protegidas
as boninas que encantam a formosa...
Foi dada a Natureza ao Homem,
que soube dedilhar as faldas...
e abrindo montanhas,
escorregando pelas encostas,
enterra o arado nas entranhas
da areia p`la maldade e come o fruto
onde corre o rio que seca a sede,
que despe a fome ao mais bruto,
que traz a Lua ao diminuto
e leva o sonho ao tão arguto.
Que estranho violino realiza
tamanha afronta, tanto prazer?
Que estranhas cordas, espirais, ondas
encantam na ilha o enfurecer?
Tesouro mais bem guardado,
que tem na melhor guarda,
com medo de o perder,
a eterna, viva, liberdade
dos olhos, da mão e do prazer.
(Tesouro)
que mata mais sede que água,
que morre mais tarde que tudo,
que desfaz sempre toda a mágoa
e torna o sofrimento mudo.
Mais suave que a própria seda,
mais funda que qualquer ferida,
mais próxima que muita perda,
mais sentida que vivida.
Mais preciosa que diamante,
mais delicada que a rosa,
mais rica num instante
que a esmeralda por toda a vida.
Pelo doce mel de seus lábios
encantado, por seus cabelos
escondo o seu olhar nos olhos meus,
para que não me faça tal o Fado:
que me perca e logo diga adeus.
Sexta-feira, 5 de Maio de 1995
SAC
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