sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Borbulhando num Café


Desta vez tenho tempo
para escrever o que me apetecer.
Desta vez até tenho tempo
para esquecer o que te apetecer,
para dominar a minha tristeza,
para dormitar na tua solidão.

Desta vez tenho até espaço
para te dar um abraço,
apertar-te e cingir-te num laço,
Lua que és de mim pedaço
diz-me: o que é que eu faço?

Finge. Continua a fingir
que és tu e mais ninguém.
Salta. Continua a saltar
mais alto que o mundo dos outros.
Corre. Continua a correr
do comboio do azar.
Corre. Não te deixes apanhar.

Mas dá. Dá de ti tudo,
tudo aquilo de que não,
de que não precisas por ser,
por ser demasiado pesado.
E finge. Continua a fingir
que és tu, que és tu e mais ninguém.

Quinta-feira, 2 de Outubro de 1997
Santos - Lisboa

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