sábado, 9 de julho de 2011

Não Há Nada que Pedir Desculpa / Todas As Mãos Pegam em Pedras


Passaram dois dias e um mês.

E só depois me apercebi que não sou um gato maltês.
E só depois dei conta que lhes posso chamar nomes.
E só depois acordei para o mundo e lhes respondi.
E só depois me apercebi de que todas as mãos pegam em pedras.

Mesmo as minhas... pegam em pedras...!

Eu não queria. Juro.
Mas o meu sangue jorra em torrentes.
Mas o meu crânio abre-se e vêem-se os últimos miolos.
Mas os meus pulmões derretem e vê-se o fumo dos cigarros dos outros.
E as minhas pernas gangrenam e tremem banhadas em vermelho.

Atiraram-me tantas pedras
que só me restam as mãos...
para as atirar de volta.

(se me tivessem deixado boca, pedia desculpa)


Quinta-feira, 3 de Abril de 1997
SAC

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