sexta-feira, 5 de junho de 2009

A esperança de morrer feliz

Quando não há alegria
há tristeza, ou pelo menos,
(sem que de menos
isso tenha muito de mais,
pois que não é demais
a vida ter muito de menos)
a tristeza de não haver alegria,
ou a saudade de tempos alegres
que já não voltam mais...
ou a saudade de tempos de tristeza,
mas que são belos, lindos
e que são ternos, e-ternos,
mas que não voltam mais.

Quando não há alegria
há tristeza,
há saudade,
há o presente.

Mas há eternamente a esperança.
E nela a confiança
feita de aço e perseverança,
feita e lembrada todos os dias...
feita de uma réstia de futuro.
Feita e lembrada todos os dias...
feita de uma réstia de futuro.
Feita e relembrada todos os dias...
aquela que é feita de sombra,
e a sombra que é do rio que corre debaixo da ponte que me sustem.

A ponte já foi ela.
A Terra dum lado a outro já foi ela.
Agora sou eu. Outra vez.
Outra vez me vejo.
E choro ao ver-me.
Outra vez olho o rio.
E choro ao vê-lo.
E choro ao vê-lo chorar por vê-lo.

Que saudade tenho eu da morte (outra vez).
Mas que estranha esperança tenho eu no coração:

Que morra no mar alto,
para onde o rio corre
e que me eleve no céu...
nas nuvens, no breu...

Terça-feira, 30 de Janeiro de 1996
SAC

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