sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mentes de Saudade


Num cacho de persianas
se dá o mote para uma cidade.

A cidade esconde-se, sussurrando,
como um menino que tenta,
na sua ingenuidade doce,
desprender os pássaros da sua alma
conservando-os numa gaiola.

Não é de barro, mas parece.
E as lágrimas do menino que não vemos
são de louça branca.

Acontece.
As suas lágrimas são como uvas
que deslizam e se tornam
menos de louça,
menos de branco,
caem maduras tintas
e deixam-nos embrulhados na nossa saudade.

Seremos o menino, a cidade, os pássaros ou as uvas?

Lutaremos pelas persianas, pelos gestos e pela luz que entra?

Seremos porventura toda a luz que não entra,
todo o pássaro que não voa,
toda a alma que não dança,
todo o ventre que não germina.

Seremos de certeza
Ícaro que voa,
menino que se esconde
na sua imaginação
e no brilho da sua cidade.

Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009
Alfragide

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