segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mendigo de papel


Encostado a uma parede estou.
Deixo-me ali encostado e saio de mim.
Vejo-me e confundo o meu rosto com a parede.
Está frio, despido e com os olhos fechados.

Parecia abandonado e estava-o de facto.

Faminto de vida, pedinte de força,
aspecto de nada, silêncio de tudo,
largado no precipício, estropiado mas não morto,
lentamente sigo o meu caminho
como todos os outros... precipícios.

É verdade. Sou mendigo de papel.
(ou serei papel de mendigo?)

Quinta-feira, 2 de Outubro de 1997
Santos - Lisboa

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