Hoje sentei-me naquele pontão
de pernas cruzadas a olhar o passado
que batia no meu rosto em forma de sal.
Sentei-me e calei-me naquele pontão
a tentar fazer do meu aquele nosso silêncio
numa saudade que se desfaz como as ondas lá em baixo.
Hoje calei-me naquele pontão
a perguntar pelos teus dedos
à minha mão vazia,
a perguntar pelos teus medos
à tua lua, que lá no alto, aparecia.
Calei-me e chorei naquele pontão.
Chorei a vez em que te abracei.
Chorei os teus cabelos lisos, voando.
Chorei o teu corpo ao meu colo, naquele pontão.
E numa lágrima
revi o mar, vasto, imenso
no teu rosto de menina.
E senti-me num pontão
do mesmo mar,
na mesma solidão
a olhar a lua,
a pensar no nosso silêncio.
Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
SAC
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