domingo, 25 de julho de 2010

Láonde


Lindo era o mar,
lindas as canções
que o fazem vibrar
como dois corações.

Lindo era o mar
e lindas as dunas
e lindas as gaivotas
e eram lindas as estrelas

cadentes no mar
os peixes-voadores
voam nos teus sonhos
e caem no paraíso:
os teus olhos.

Lindo era o mar
e lindo ficou o dia
em que os olhei pedindo candura,
em que os olhei e eles me olharam,
em que os olhei e eles me ficaram,
em que os olhei e me deram ternura.

Não me lembro do dia em que os teus olhos olhei,
porque quando olho os teus olhos não me lembro do dia.
Mas sei que não me lembro por me deslembrar deslumbrado
da cor do teu, daquele dia, porque teus olhos olhei.

Então não olhando, o mar era lindo.
Então não as vendo, as flores cresciam.
Então não olhando, o sol brilhava.
Então não as vendo, as gaivotas voavam lá...

Lá onde os sonhos cantam.
Lá onde as noites brilham.
Lá onde o vento plana.
Lá onde dança a liana.

Láonde, Láonde, Láonde:

Ilha de musgos e de vida,
vida de paz e de alegria,
alegria de voz ternurenta,
alegria que alegra e alimenta.


Alegria dos meus olhos
por ver teus olhos sorrir.
Alegria por teus olhos
fazer do mundo existir...

Assim terno, meigo, fraterno.
Assim amigo, cuidado extremo.
Ali audaz, risonho, feliz.
Aqui sentido, lágrima, um beijo.
Assim carinho, antigo, até tremo

de pensar, sentir, ver sem teus olhos.
Então só fugir de ver com os meus.
E de pensar, sentir, sem ver teus olhos.
Então só fugir de ver com os meus.

Láonde, Láonde, Láonde

Lá-onde lindo era o mar
e mesmo que não fosse,
por teus olhos,
o salgado seria doce.

Sábado, 17 de Fevereiro de 1996
SAC

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